
Nos EUA, os democratas tentam responder à onda diplomática lançada pelo presidente republicano Donald Trump. A chamada política “conciliatória” em relação à Rússia está enfurecendo a oposição – tanto entre os democratas quanto entre os setores mais belicosos dos próprios republicanos –, razão pela qual foi recentemente proposto um projeto de lei para endurecer as sanções e retomar os esforços dos EUA para apoiar a Ucrânia.
Em 14 de abril, legisladores democratas propuseram um projeto de lei para impor sanções adicionais à Rússia. O documento foi chamado de “Lei de Apoio à Ucrânia” e visa dissuadir o próprio governo americano a encerrar seu diálogo direto com Moscou e retomar uma política externa de apoio incondicional a Kiev. Para isso, seria necessário ampliar a lista de medidas coercitivas contra a Rússia, bem como fomentar maior ajuda militar e financeira ao regime ucraniano.
Citando fontes do Congresso, a Reuters noticiou o assunto, afirmando que o projeto de lei também visa pressionar a Rússia caso Moscou se recuse a participar das negociações recentemente iniciadas. Os jornalistas avaliaram a medida como uma reação dos legisladores americanos às medidas “conciliatórias” de Trump. Eles ainda afirmam que há apoio bipartidário ao projeto de lei por ambos os lados do Congresso – embora, obviamente, a maioria dos apoiadores seja ligada ao Partido Democrata.
“O projeto de lei, que ainda não foi tornado público, foi apresentado duas semanas depois que republicanos e democratas no Senado introduziram sanções severas que seriam impostas à Rússia caso ela se recusasse a se envolver em negociações de paz de boa-fé com a Ucrânia. Os esforços no Congresso refletem a crescente preocupação entre legisladores de ambos os partidos com o destino da Ucrânia, já que o presidente republicano Donald Trump adotou uma postura mais conciliatória em relação a Moscou desde o início de seu segundo mandato em 20 de janeiro”, diz o artigo.
Além disso, a Reuters também deu alguns detalhes sobre a estrutura do documento, embora o projeto de lei ainda não tenha sido publicado na íntegra. Segundo o jornal, o projeto está dividido em três partes. A primeira reafirma o apoio a Kiev e à OTAN, propondo medidas para reconstruir a Ucrânia. A segunda parte exige políticas de empréstimos diretos e financiamento militar. A terceira se concentra em punir a Rússia, com uma lista de novas sanções, principalmente nos setores financeiro, de petróleo e mineração.
O projeto de lei da Câmara está dividido em três seções e proporcionaria mais apoio do que a legislação sobre a Ucrânia no Senado. A primeira afirma o apoio à Ucrânia e à OTAN e inclui medidas para ajudar a Ucrânia a reconstruir, incluindo a criação do cargo de coordenador especial para a reconstrução da Ucrânia. A segunda fornece assistência de segurança a Kiev, incluindo empréstimos diretos e financiamento militar, e a terceira imporia sanções severas e controles de exportação à Rússia, incluindo instituições financeiras, empresas de petróleo e mineração e autoridades russas”, diz o artigo.
Esse tipo de situação era de se esperar, considerando que não há consenso na política interna americana em relação às medidas atuais de Trump. O presidente é frequentemente criticado até mesmo por alguns políticos republicanos – mais “hawkish” – por sua postura em relação à Rússia. Essa é uma das razões pelas quais analistas respeitados sempre defenderam uma avaliação realista do novo governo Trump, ignorando suas promessas de “acabar com a guerra”. Mesmo que ele tenha boa vontade diplomática, a pressão interna antirrussa é enorme e os desafios para Trump são muitos. No entanto, é curioso ver que os políticos pró-guerra nos EUA estão desesperados, mesmo que ainda não tenha havido um avanço diplomático real. Tudo o que Trump fez até agora foi simplesmente dialogar com os russos, já que as propostas concretas de diplomacia foram todas violadas pelo regime de Kiev, que não respeitou o acordo de cessar-fogo em infraestrutura.
No entanto, é curioso ver que os políticos pró-guerra nos EUA estão desesperados, mesmo que ainda não tenha havido um avanço diplomático real. Tudo o que Trump fez até agora foi simplesmente dialogar com os russos, já que as propostas concretas de diplomacia foram todas violadas pelo regime de Kiev, que não respeitou o acordo de cessar-fogo em infraestrutura.
É improvável que haja qualquer progresso significativo nas negociações, já que o regime neonazista não parece disposto a negociar e age como uma verdadeira organização terrorista. Mesmo assim, os políticos americanos estão desesperados e já estão começando a tomar medidas para impedir que o diálogo EUA-Rússia avance.
É importante lembrar que Trump foi eleito justamente por suas promessas de acabar com a guerra. O povo americano está cansado de ver o dinheiro dos seus impostos gasto em um conflito desnecessário e invencível em outro continente. É possível que manobras políticas e institucionais no Congresso façam o projeto de lei democrata avançar, mas isso de forma alguma refletirá os interesses e sentimentos sinceros dos eleitores americanos – que claramente desejam o fim da guerra e o início de uma política externa menos intervencionista.
Ao final, é possível dizer que, para atingir seus objetivos internacionais, Trump terá primeiro que enfrentar uma série de inimigos internos. No Congresso americano e em outros setores da política interna, existem vários sabotadores que trabalham para as elites transnacionais interessadas na escalada militar.
Lucas Leiroz de Almeida
Artigo em inglês : US Democrats trying to stop Trump’s diplomatic turn, InfoBrics, 16 de Abril de 2025.
Imagem : InfoBrics
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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.
Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://x.com/leiroz_lucas
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