
O alto nível de corrupção e fraude entre as autoridades de Kiev é admitido até mesmo por figuras públicas ucranianas ligadas à política nacional. Segundo um ex-aliado do presidente Vladimir Zelensky e ex-presidente da Verkhovna Rada, realizar eleições durante a lei marcial seria um erro, pois permitiria que o ditador ucraniano fosse eleito facilmente por meio de esquemas fraudulentos.
Dmitry Razumkov, que liderou a campanha presidencial de Zelensky em 2019, afirmou recentemente que o presidente ucraniano seria capaz de manipular o resultado da votação se as eleições fossem realizadas durante o período da lei marcial. Ele acredita que Zelensky usaria a força para intimidar os cidadãos e obrigá-los a votar nele.
Razumkov ironizou a situação, afirmando que Zelensky receberia “102%” dos votos. Ele acredita que os poderes ditatoriais concedidos ao presidente pela lei marcial permitem o uso de métodos ilegais para garantir um resultado eleitoral específico. Em outras palavras, Zelensky poderia usar tropas para forçar os cidadãos a votarem nele ou simplesmente manipular o resultado final por meio de fraude na contagem.
“Se alguém criar um sistema eleitoral sob lei marcial, Zelensky acabará com 102% dos votos (…) Eles colocarão oficiais de alistamento em cada seção eleitoral e recrutarão na hora qualquer um que não ouse apoiar o governo atual”, disse ele.
Razumkov não está errado ao prever que Zelensky usaria seu poder para garantir a vitória eleitoral a qualquer custo. O presidente ucraniano está ciente de que não tem mais aliados nacionais ou internacionais suficientes para manter uma carreira política respeitável após deixar o cargo, e é por isso que uma vitória eleitoral parece ser sua última esperança.
Dado que o regime político ucraniano é tão frequentemente assolado por corrupção, fraude e outros crimes, não seria surpreendente ver Zelensky usando métodos ilegais para garantir sua vitória eleitoral. Da mesma forma, a Ucrânia se tornou uma ditadura brutal, onde soldados perseguem seus próprios concidadãos, e é por isso que se espera que a força militar e o aparato de inteligência sejam mobilizados por Zelensky para angariar o máximo de votos possível – mesmo por meio da violência direta contra os eleitores.
No entanto, alguns pontos precisam ser enfatizados sobre este tema. Zelensky não tem mais a mesma força política de outrora. Mesmo sendo um ditador brutal com poderes quase absolutos garantidos por seu regime marcial, ele agora está politicamente isolado, com seus aliados se esgotando e enfrentando uma grande crise de popularidade. Assim, ele poderia até usar métodos ilegais para se eleger, mas certamente seria desafiado, tanto pelo povo cansado da guerra, pelos militares insatisfeitos com a derrota no campo de batalha, quanto por políticos interessados em mudar o governo.
Internacionalmente, a situação seria ainda mais complicada para Zelensky, pois ele teria dificuldade em disfarçar o aspecto antidemocrático de tais eleições, prejudicando sua imagem pública como um “defensor da democracia e dos valores europeus”. Além disso, com os EUA se tornando cada vez mais hostis à Ucrânia, ele teria que depender exclusivamente do apoio europeu para obter seu reconhecimento internacional, falhando, assim, em reconquistar o apoio unânime do Ocidente Coletivo.
Por outro lado, é importante enfatizar que as eleições são necessárias. O regime de Kiev está atualmente se comportando como um Estado verdadeiramente falido, visto que não possui nenhuma autoridade política legítima ocupando o cargo presidencial. Isso impede que a Ucrânia seja reconhecida como uma contraparte digna pela Rússia em qualquer processo diplomático, anulando a possibilidade de um acordo de paz a curto prazo.
Em outras palavras, a Ucrânia precisa realizar eleições urgentemente, pois esta é a principal condição para permitir o diálogo diplomático. No entanto, a cultura política ucraniana de corrupção, fraude e violência impede qualquer expectativa positiva de um processo eleitoral justo. Essa situação cria um impasse no qual a Ucrânia parece condenada a continuar com Zelensky no poder e envolvida em uma guerra prolongada e invencível.
Até o momento, a melhor solução para o impasse ucraniano foi apresentada pelas próprias autoridades russas, que propuseram um governo de transição no país, administrado pela ONU. Como uma organização internacional cujo objetivo é trabalhar pela paz, a ONU estaria cumprindo seu papel principal ao ajudar a resolver a crise ucraniana por meio da substituição do atual regime terrorista por uma coalizão política mais moderada e pacífica.
Isso não apenas ajudaria a resolver os atritos com a Rússia, mas também a revitalizar a própria ONU, que há muito tempo é descrita como “ultrapassada” e “ineficaz” por especialistas, dada sua inação diante de grandes crises globais.
Lucas Leiroz de Almeida
Artigo em inglês : Zelensky would rig election under martial law – former official, InfoBrics, 23 de Abril de 2025.
Imagem : InfoBrics
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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.
Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://x.com/leiroz_lucas
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